Qual a participação do comércio na construção de Joinville? Para compreender o importante papel deste setor desde o início até os tempos atuais da cidade, nada melhor que falar com pessoas que fazem parte dessa história.
O que tem a dizer, por exemplo, José Manoel Ramos, presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Joinville, entidade que completa 56 anos de atividades em 2021?
“Como empresários lojistas, temos grandes lições para aprender com os desbravadores. Eles chegaram aqui há 170 anos com muita coragem e um ideal, o de construir uma cidade”, afirma José Manoel Ramos.
“Não dá para imaginar o quanto essas pessoas sofreram com a falta de recursos e de infraestrutura e a decepção entre o que se prometeu e o que encontraram quando aqui chegaram. Os primeiros empreendedores – e também os demais imigrantes – deixaram um legado de trabalho, força e determinação”, destaca o empresário.
Para não desistir diante dos grandes desafios que se apresentavam diariamente, foi também preciso desenvolver outra capacidade tão conhecida dos comerciantes: a resiliência.
“É desta forma que temos de seguir em frente. Tempos muito difíceis já foram enfrentados por aqueles que nos antecederam”, diz José Manoel Ramos.
Segundo ele, a sociedade de hoje precisa entender e aprender com os desbravadores. “O comércio foi fundamental para a construção de Joinville. Quando se forma uma comunidade, não importa onde, mesmo que seja no meio do mato, a primeira coisa que se estabelece é um comércio. Ele é um ponto de referência para tudo, para troca de informações, encontros de pessoas, para se buscar o sustento. O comércio é o que forma uma cidade”, reforça José Manoel Ramos.
José Manoel Ramos, presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Joinville
F0RTE PARTICIPAÇÃO
Os setores do comércio e de serviços têm papel de destaque na economia de Joinville. Eles são responsáveis por gerar em torno de 170 mil empregos no município, com mais de 10.300 pontos de comércio e 13.200 de serviços, segundo levantamento de 2016 divulgado pelo Sebrae.
Para o prefeito Adriano Silva, não há dúvidas de que a consolidação de Joinville como terceira economia mais forte do Sul do Brasil se deve muito ao desenvolvimento da atividade comercial. “Neste ponto, a Câmara de Dirigentes Lojistas de Joinville tem um papel fundamental na organização na articulação do segmento”, afirma o prefeito.
RENDE UM LIVRO
A jornalista e escritora Maria Cristina Dias, mestre em Patrimônio Cultural e Sociedade e presidente da Academia Joinvilense de Letras, afirma que pretende fazer um livro sobre o comércio do município. Esta vontade nasceu ao escrever sobre empreendedores que deixaram seus nomes marcados na história da cidade.
Maria Cristina lembra que o comércio sempre foi uma importante alavanca do desenvolvimento de Joinville. “Embora, a princípio, tivesse perfil agrícola, a Colônia Dona Francisca logo começou a modificar esta tendência, com o estabelecimento de pequenos estabelecimentos, manufaturas familiares, para atender à população local, como olarias e o comércio de produtos produzidos no local”, conta a jornalista.
Ela cita a história do imigrante Frederico Wetzel, que morava em Anaburgo (distante do centro), fabricava velas e sabões à noite e os vendia no caminho para o trabalho todos os dias. Com o tempo, prosperou e criou a Fábrica de Velas e Sabões Wetzel.
A abertura da Estrada Serra Dona Francisca, segundo ela, também impulsionou dois grandes ciclos econômicos importantes em Joinville: da madeira e da erva-mate, consolidando a cidade como importante entreposto comercial da região.
“A madeira e a erva-mate desciam do Planalto pela Estrada Dona Francisca, eram beneficiados em Joinville e exportados via porto de São Francisco do Sul. Esta atividade foi uma grande geradora de riqueza no século 19 e início do século 20 e contribuiu para o desenvolvimento da cidade naquela época”, relata Maria Cristina.
A presença de importantes estabelecimentos comerciais também marcou Joinville no final do século 19 e nas primeiras décadas do século 20. A escritora aponta alguns dos empreendimentos que estão no DNA de Joinville.
“A Casa do Aço, de Carlos Schneider, que começou como uma pequena loja na rua do Príncipe, em 1881. A Stein, que remonta a 1883 e virou um conglomerado no século 20. As casas comerciais das famílias de Emílio Stock, Hermann Lepper e dos Richlin. Os estabelecimentos vinculados aos Boehm, tradicional família de comerciantes na cidade. Estes foram apenas alguns dos muitos que se desenvolveram e alavancaram a economia de Joinville”.
EM CONSTANTE ADAPTAÇÃO
O advogado Álvaro Cauduro, que preside a centenária Sociedade Harmonia Lyra (criada em 1858) e é responsável pela área jurídica da CDL, conhece a cidade como poucos e também evidencia a importância do comércio para a Joinville de ontem e de hoje.
“As ferramentas e os produtos podem ser diferentes, mas o espírito resiliente dos comerciantes e a necessidade constante de adaptação e de aprendizagem não mudaram nada dos tempos dos fenícios ou de qualquer momento da história civilizada da humanidade”, afirma Álvaro.
“Sem comércio uma cidade não existe”, enfatiza o advogado, para destacar que os comerciantes têm a capacidade e a necessidade de se adaptar às coisas mais atuais. “Os consumidores sempre foram exigentes. Para atendê-los, os comerciantes tiveram de aprender outras línguas, a conhecer outros caminhos, a traçar estratégias de como escapar dos saqueadores. Não é diferente dos momentos atuais”.
RELOJORIA KLIX: 105 ANOS
Mesmo com guerras, crises econômicas e sanitárias, Joinville mantém comércios centenários em pleno funcionamento. É o caso da Relojoaria Klix, que está há 105 anos no mesmo endereço, sempre se adaptando a cada tempo.
Na quarta geração da família no comando da Klix, Fabiana Klix Fuchsberger afirma que se fosse para escolher uma palavra que representasse a empresa ao longo desses 105 anos seria “resiliência”. A empresa, segundo ela, tem a capacidade de se adaptar às mudanças. “Sempre procurando atender às necessidades dos nossos clientes, com produtos de qualidade, preço justo e, claro, muito amor no que se faz”.
Segundo Fabiana, ao conquistar os clientes pela confiança, gerações de famílias prestigiam a Klix. “Acredito que é por tudo isso que estamos aqui hoje”, afirma.
Outro segredo é que a Klix procura estar à frente nas demandas. “Mesmo antes da pandemia (de Covid-19) já fazíamos entregas por meio de motoboy. Ouvir as necessidades do cliente é fundamental”, diz Fabiana.
A última grande mudança envolveu as redes sociais. “Conseguimos nos aproximar ainda mais dos nossos clientes, informando sobre lançamentos e dicas de moda”, comemora a empreendedora.
Fábio, dona Neusa e Fabiana na frente da loja Klix na rua do Príncipe
Texto: Albertina Camilo
Fotos: Arquivo CDL Joinville
Por favor entre em contato com a CDL no e-mail cobranca@cdljoinville.com.br ou no fone 47-3461-2518.
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