O presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Joinville, José Manoel Ramos, analisa a situação do comércio, fala de lockdown e critica regras governamentais diferenciadas para os setores econômicos.
Confira a seguir a entrevista que ele concedeu ao colunista Claudio Loetz, do jornal A Notícia:
O comércio é um dos setores mais afetados pelos efeitos da crise do Covid-19. Neste contexto, com o agravamento da situação sanitária, como percebe a possibilidade de um lockdown?
Lockdown, se for adotado, não digo por 14 dias, mas talvez por cinco dias, deve valer para todos os segmentos e portes de empresas. Aí fecha tudo: indústria, comércio, bares e restaurantes, construção civil etc. Aí começo a acreditar que é um lockdown. O que acontece hoje é que o governo do Estado, pressionado pelo Ministério Público, e para tomar uma decisão frente à pandemia e o colapso da saúde, deu um canetaço em cima dos mais fracos.
Quem são eles?
Quem são os mais fracos? São a maioria de pequenas e médias empresas, que são obrigadas a fechar suas portas e observar, em seu entorno, as gigantes do varejo trabalhando. Isso é muito ruim para a economia. Se o supermercado abre por ser essencial, é lógico que ele poderia abrir para vender somente o essencial. Mas eles vendem itens que o comércio em geral está impossibilitado de vender porque tem de fechar as portas.
Percebo o senhor chateado.
A minha revolta, a minha indignação vai nessa linha. Se é preciso fazer um lockdown, então que seja um verdadeiro lockdown, e não um meio lockdown. A indústria continua trabalhando, inclusive nos turnos de sábado, nos turnos de domingo. Os trabalhadores vão de ônibus, de vans, de carro; essa história de que a indústria tem protocolo rígido, o comércio também tem. Em qualquer boteco você vê orientações para o cumprimento de distanciamento social e para o uso de máscara e álcool gel.
O governo estadual abandonou o comércio?
O governador não atendeu nosso pedido, e os nossos ofícios deram pouca ressonância na Assembleia Legislativa. Temos essa visão: se for para abrir, os estabelecimentos essenciais devem abrir somente para vender alimentação. Na minha opinião, nem deveriam vender bebida alcoólica.
Já faz um tempo, as pessoas não aguentam mais ficar em casa. Isso agrava a situação da pandemia.
O que acontece hoje é que grande parte das pessoas moram em apartamentos pequenos, minúsculos. Não aguentam ficar mais do que um dia em casa; saem para a rua. Aí vão para os hipermercados, por exemplo, como se viu recentemente.
Financeiramente, o varejo está num momento delicado…
O pequeno comércio está passando por momentos difíceis, justamente agora que começam a vencer as primeiras parcelas do Pronampe. Não sou contra o fechamento. Sou a favor do fechamento, mas é fechamento total. Aí aparece a indústria e diz que é essencial. Enfim, todo o mundo é essencial. Lockdown é lockdown geral. Aí vamos eliminar de vez a questão da transmissão da doença.
Por favor entre em contato com a CDL no e-mail cobranca@cdljoinville.com.br ou no fone 47-3461-2518.
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